Destinatário # 2

Olá. 

Na primeira edição do "Destinatário" revelei a quem se dirigia a carta porque era um dia especial e porque era para uma pessoa ainda mais especial, hoje não vou revelar, não que a pessoa não seja especial é só uma questão de bom senso, não sei se ela quer ver o nome dela revelado e por isso não o vou fazer. É lógico que uma grande parte das pessoas que me conhece sabe a quem se dirige esta carta e, a pessoa quando a ler, saberá que esta carta lhe pertence. Continua a votar na sondagem que se encontra aqui ao lado. 

Sem mais assuntos de momento, deixo-te com a carta.

« Doze. 

É o número de anos que partilhei contigo. 

Mais de metade da minha vida. 

Imagina só ... Quando ganhar os primeiros cabelos brancos, hão-de ser à tua pala.

Quando nos conhecemos nunca imaginei que te ias tornar na minha melhor amiga, eras mais uma pessoa da minha turma, na minha escola, no meu grupo de amigos, não eras daquelas pessoas com quem eu falava a toda a hora, não eras a primeira pessoa que escolhia para as brincadeiras de bonecas, eras só uma amiga do recreio da escola. Nos tempos da primária nunca fomos muito próximas, não andamos no mesmo infantário e, provavelmente, isso afastou-nos. Os anos foram passando e só uns seis ou sete anos depois de nos conhecermos é que comecei a perceber que a tua amizade era diferente das outras. 

Podemos passar meses sem nos falarmos mas quando voltamos a falar, falamos meses seguidos, todos os dias, ficamos a atualizar o estado das nossas vidas, contamos as novidades e nada mudou na forma como falávamos. Sei que a nossa amizade é diferente porque não é aquela típica amizade que existe entre raparigas do "oh que lindinha, que fofinha, ..." e mais não sei o quê, é uma amizade que funciona à base de insultos e, por incrível que pareça, funciona muito bem assim. 

És daquelas pessoas que eu sei que posso "incomodar" a qualquer hora, a qualquer altura, em qualquer dia, sei que não te vais importar e sei que me vais ouvir como se eu estivesse a dizer a coisa mais importante de sempre e, espero que também saibas que me podes "incomodar" sempre que te apetecer. 

Sei que independentemente dos anos que passarem a nossa amizade vai continuar igual, inabalável. És das poucas pessoas em quem confio a trezentos por cento e és uma das únicas pessoas que me conhece tal e qual como sou, conheces os meus pontos fracos, os meus pontos fortes e estiveste sempre lá quando eu precisei. O facto de nos termos afastado não fez com que a nossa amizade sofresse com isso, o que é de admirar, a maior parte das amizades cede à pressão e acabam por terminar, mas eu acho que a nossa saiu fortalecida desta situação.

Melhor amiga? Esse lugar é teu, por direito porque o teu lugar, ninguém ocupa.
"Um bom amigo conhece as tuas melhores histórias, um melhor amigo viveu-as contigo", e assim termino a minha carta. »

Quanto à imagem, uma vez que a nossa amizade funciona à base da estupidez, esta foi a melhor imagem que encontrei.

Um beijinho no coração, fica bem e sê feliz, 

Ju