Universitária em Crise # 1


(Esta publicação está com uns seis meses de atraso mas ...)

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Curso: Biologia Marinha, Universidade do Algarve

Nas minhas mãos estava a poder de decidir o meu futuro, deixei tudo para a última da hora porque estava demasiado indecisa quanto ao curso que iria escolher. Se por um lado Biologia Marinha era a minha paixão desde sempre, por outro lado tinha a Filosofia e a Psicologia que são duas áreas que me fascinam, havia ainda uma possibilidade de tentar entrar na Marinha, defender o pátria e oferecer o corpo às balas, quase literalmente.
Acabei por escolher com o coração e ir atrás da minha primeira paixão, da primeira coisa que fascinou, do meu sonho de criança, acabei por concorrer para Biologia Marinha, na Universidade do Algarve. 
Não achei que fosse entrar em nenhuma das minhas opções, quanto mais na primeira. Quando vi que tinha entrado não fiz uma festa, fiquei cerca de meia hora vidrada no computador a tentar perceber se era real. A primeiro passo para o meu futuro estava dado, não sabia como reagir. Contei aos meus pais e aos meus amigos mais próximos e toda a gente se mostrou bastante feliz por mim. Foi bom ter o reconhecimento das pessoas. 
O que não foi tão bom foi o facto de me ter apercebido que ia ficar a mais de 600 km's de casa. Não foi fácil. A viagem de casa até Faro passei-a com um nó na garganta e com as lágrimas a quererem escapar-me pelos olhos. Estava feliz porque ia correr atrás do meu sonho mas estava triste porque ia deixar a minha família, os meus amigos, a minha casa, as minhas coisas, ... E ainda estive a pensar no quão duras seriam as praxes. Quando cá cheguei, descobri que não ia ser praxada este ano (políticas da universidade), o que foi um grande alívio para mim, no entanto, continua com o problema de estar longe de casa.
Instalei-me da residência universitária e estava a partilhar o quarto com uma rapariga que tinha conhecido no Twitter  no dia anterior (atualmente, é minha amiga). Nada naquele quarto era meu, nada me fazia lembrar de casa, nada, ... Quando os meus pais se foram embora fiquei a chorar durante uma meia hora, não sabia como é que ia aguentar viver sem tê-los por perto. Chorei nesse dia e chorei na semana seguinte. Tinha saudades de casa, tinha saudades dos meus pais, da minha irmã, dos meus amigos, da minha família, do meu cão, de tudo ... Fui a casa no primeiro fim de semana e, durante a viagem de comboio, só pensava na próxima vez que ia a casa. Não me estava a sentir integrada, queria ir embora daqui, queria voltar à rotina de todos os dias. Algo me impediu de ir embora. Só tenho a agradecer a esse algo porque, nos últimos 5 meses, mudei muito a minha maneira de pensar, mudei a minha maneira de ser, mudei a minha maneira de ver o Mundo, mas isto são histórias do próximo capítulo.

Faro, Março de 2015.

Um beijinho no coração,
Ju

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